Um anjo caído... A.Garrett
Relendo poesia que me recorda o meu tempo de liceu,
Deixo hoje aqui uma poesia etérea...
De Garrett...
Mais um grande da nossa língua lusa...
O ANJO CAÍDO
Era um anjo de Deus
Que se perdera dos céus
E terra a terra voava.
A seta que lhe acertava
Partira de arco traidor,
Porque as penas que levava
Não eram penas de amor.
O anjo caiu ferido
E se viu aos pés rendido
Do tirano caçador.
De asa morta e sem esplendor
O triste, peregrinando
Por estes vales de dor,
Andou gemendo e chorando.
Vi-o eu, o anjo dos céus,
O abandonado de Deus,
Vi-o, nessa tropelia
Que o mundo chama alegria,
Vi-o a taça do prazer
Pôr ao lábio que tremia
E só lágrimas beber.
Ninguém mais na terra o via,
Era eu só que o conhecia
Eu que já não posso amar!
Quem no havia de salvar?
Eu, que numa sepultura
Me fora vivo enterrar?
Loucura! Ai, cega loucura!
Mas entre os anjos dos céus
Cantava um anjo ao seu Deus;
E remi-lo e resgatá-lo,
Daquela infâmia salvá-lo
Só força de amor podia.
Quem desse amor há-de amá-lo,
Se ninguém o conhecia?
Eu só, ? e eu morto, eu descrido,
Eu tive o arrojo atrevido
De amar um anjo sem luz.
Cravei-a eu nessa cruz
Minha alma que renascia,
Que toda em sua alma pus,
E o meu ser se dividia,
Porque ela outra alma não tinha,
Outra alma senão a minha...
Tarde, ai! tarde o conheci,
Porque eu o meu ser perdi,
E ele à vida não volveu...
Mas da morte que eu morri
Também o infeliz morreu.
Almeida Garrett
Que disfrutem desta leitura tanto quanto eu...
Bom resto de semana! :)
Deixo hoje aqui uma poesia etérea...
De Garrett...
Mais um grande da nossa língua lusa...
O ANJO CAÍDO
Era um anjo de Deus
Que se perdera dos céus
E terra a terra voava.
A seta que lhe acertava
Partira de arco traidor,
Porque as penas que levava
Não eram penas de amor.
O anjo caiu ferido
E se viu aos pés rendido
Do tirano caçador.
De asa morta e sem esplendor
O triste, peregrinando
Por estes vales de dor,
Andou gemendo e chorando.
Vi-o eu, o anjo dos céus,
O abandonado de Deus,
Vi-o, nessa tropelia
Que o mundo chama alegria,
Vi-o a taça do prazer
Pôr ao lábio que tremia
E só lágrimas beber.
Ninguém mais na terra o via,
Era eu só que o conhecia
Eu que já não posso amar!
Quem no havia de salvar?
Eu, que numa sepultura
Me fora vivo enterrar?
Loucura! Ai, cega loucura!
Mas entre os anjos dos céus
Cantava um anjo ao seu Deus;
E remi-lo e resgatá-lo,
Daquela infâmia salvá-lo
Só força de amor podia.
Quem desse amor há-de amá-lo,
Se ninguém o conhecia?
Eu só, ? e eu morto, eu descrido,
Eu tive o arrojo atrevido
De amar um anjo sem luz.
Cravei-a eu nessa cruz
Minha alma que renascia,
Que toda em sua alma pus,
E o meu ser se dividia,
Porque ela outra alma não tinha,
Outra alma senão a minha...
Tarde, ai! tarde o conheci,
Porque eu o meu ser perdi,
E ele à vida não volveu...
Mas da morte que eu morri
Também o infeliz morreu.
Almeida Garrett
Que disfrutem desta leitura tanto quanto eu...
Bom resto de semana! :)
7 Comments:
Programei um fim de semana fora.
Agora está a chover...
Poesia e casa vinha a calhar...
Bom fim de semana! Um abraço!
Bom fim de semana, bem vindo sejas de novo!
Pobre anjo...
Beijola e bom fim-de-semana!
________________porque outra alma não tenho deixo aqui o que resta....e um sorriso pela escolha____________e um beijo.
(obrigado)
bom fim de semana!!!!
Bom fim de semana, Rui!
beijo beijo beijo beijo
__________________ _______________
feliz dia do Pai.
Viva Pedro,
Coisas da Alma...Há amores impares que morrem ao mesmo tempo que nós fechamos. nossos olhos em direcção aos Céus. Serão infelizes?!... Creio que não.;)
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